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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Cazuza - Só as Mães são Felizes - Lucinha Araujo e Regina Echeverria

Foi bem por acaso que comecei a ler esse livro... na verdade nunca me passou pela cabeça lê-lo, apesar de sempre ter sido fã do Cazuza, mas como já tinha assistido ao filme há muito tempo, nem me interessei em conhecer mais a fundo essa linda e sofrida história. 

Quando assisti ao filme, tive uma impressão, e agora lendo o livro esse sentimento só se confirmou... amar demais estraga ( apesar do Cazuza dizer que amor demais é melhor que nenhum amor, isso eu concordo ). Mas gente tanto amor estragou o menino Agenor. 

Lucinha conta nesse lindo livro como tudo começou, primeiro o sofrimento pela morte do filho, depois o porque dele ter sido como foi, contando primeiro a sua história, de moça rebelde, estudiosa, mas inquieta, exatamente como o filho, do amor pelo marido, e da realização do projeto ¨casar e ser mãe ¨. 

Ate ai tudo maravilhoso, biografias, historias reais, eu adoro, entro no universo daquilo que leio, e quase me teletransporto para aquela data, mas se la atrás quando assisti o filme ja tinha a impressão de que os pais estragaram o filho, lendo o livro eu tive mais certeza ainda. 

Cazuza não sabia o que era limite, achava que podia fazer tudo, com a desculpa de que tinha uma personalidade rebelde. 
Cazuza não sabia levar um não, se rebelava, achando que era uma afronta à sua, de novo, personlidade rebelde. 
Cazuza não sabia ser educado, com a desculpa de que era sincero, dizia e ofendia quem bem entendia, era grosseiro, com a desculpa de que isso era culpa da sua personalidade rebelde. 

Ora personalidade rebelde é uma ova, pra mim isso era pura falta de educação. Menino mimado, que achava que podia tudo, que esperneava quando era contrariado, que foi um delinquente, um drogado bem nascido, um beberrão às custas do pai, promiscuo com a intensão de chocar e experimentar de tudo. 

Houve momentos no livro em que fiquei com tanta raiva da mãe dele que juro que tinha vontade de gritar pra ela ¨Lucinha, pelo amor de Deus dá uma chinelada nesse moleque ¨ kkkkkk. 

Mas uma coisa é fato, não deixei de ser fã desse menino bem nascido, inquieto, mau educado, mas que tinha uma inteligência poética fora do comum. Dizem que todo bom poeta é inquieto, isso não sei, sei que ele precisava ter tido sim, um pouco mais de limites, ouvido um pouco mais de ¨nãos ¨, diz sua mãe que ele tinha um coração enorme, pra ajudar seus amigos, amigos esses que muitas vezes foram destratados por esse mesmo homem de bom coração ( ta, ninguém é perfeito, mas ainda assim eu chamo isso de ingratidão e, de novo , falta de educação ) 

E tudo isso tambem tem um porém né gente, quem sou eu pra apontar o dedo na cara de uma mãe que amou tanto seu filho, que viu no seu filho ela mesma, com todas as inquietações, questionamentos, e que só não seguiu por esse caminho porque Ela tinha um pai e uma mãe rígidos, que impunham limites sim à ela. Lucinha fez suas imposições à maneira dela, queria fugir do militarismo dos pais, e a meu ver foi dura sim em algumas coisas, e muito permissiva em outras, mas hoje digo isso porque sou mãe, e que com certeza vou cometer milhares de erros, mesmo que tentando acertar, então isso não é um julgamento ( quem sou eu pra isso ) , é só um cometário de uma leitora que as vezes ficou doidaaaaa com tamanha permissividade rrss 

Mas me emocionei tanto com esse livro, que me questionei do porque de não ter lido antes, só quem perdeu um filho sabe a dor que foi pra ela, e dessa mesma dor, ela tirou sua propria cura e superação, como faz até hoje, 25 anos depois da morte do seu único e amado filho. 


Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza nasceu no Rio de Janeiro em 4 de abril de 1958 e faleceu na sua cidade amada, o Rio de Janeiro em 7 de julho de 1990. 





Sinopse : 

Em um depoimento dado a Regina Echeverria, num tom quase de confidência, Lucinha Araujo relata todos os fatos marcantes de sua vida com seu único filho, o famoso cantor e compositor Cazuza, morto em 1990, em conseqüência da AIDS.



** Eu poderia fazer uma lista imensa das minhas músicas preferidas desse inquieto poeta, mas vou deixar aqui a minha preferida, e o livro nos faz entender um pouco do porque de suas letras tão intensas, profundas e muitas vezes não entendida. Sempre fico fascinada pela sua voz cantando Blues da Piedade ** 

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade