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terça-feira, 16 de outubro de 2018

Lolita - Vladimir Nabokov

Em 2018 adentrei no mundo da Literatura Clássica viu gente, de vez, e confesso que to perdidamente apaixonada por essa escrita mais densa, mais complexa, cheia de muita informação que na grande maioria das vezes, eu desconheço. Termos que tenho que ler e reler com atenção porque sequer faço ideia do que significa, mas que tambem decidi que não vou ler com um dicionário do lado, o que quero é entender o contexto de uma maneira geral, e não ficar ¨a doida¨ do dicionário, caçando cada palavra porque não sei o que quer dizer.

Lolita não foi um livro fácil de ler. Demorei mais de 15 dias pra finaliza-lo, e resolvi fazer-lo de maneira diferente. Eu OUVI Lolita. Sim, foi o primeiro Audio Livro que ouvi. Mas como eu jÁ sabia que seria uma leitura muito mais difícil do que minhas leituras habituais, eu fui a leitora nerd (rs ). Eu ouvi sim, cada capitulo ( foram mais de 13 horas de Audio Livro, que ouvi ao longo desses 15 dias ), mas também fiquei acompanhando a leitura junto com o ebook no kindle, e um caderno, com muitas folhas em branco, porque eu anotava todo parágrafo, todo trecho que me indignava com a narrativa de Humbert Humbert.

Eu não vou escrever aqui, porque essa resenha já vai ficar gigante com minhas impressões, então não vou ficar dando detalhes de como, quando, porque e por quem a historia foi escrita... voU deixar o link do Wikipédia ( simmmmm ela mesmo, que tem informações bem detalhadas sobre essa GRANDE OBRA )

Ontem, quando li a útima página, pensei, eu não sei se eu gostei, se eu adorei ou se eu amei essa leitura. Odiar definitivamente não. A historia é sim odiosa. Mas a escrita, a riqueza da historia, dos detalhes ( muitas vezes foi ate cansativo), a forma como Nabokov nos faz adentrar na mente de Humbert, como o autor nos faz enxergar o mundo pelos olhos desse cara que é sim um doente, e que principalmente, sabe que é, isso sim nos faz sentar e pensar, pqp, que livro, que historia, que autor.

Logo de cara, quando iniciamos o livro, no Prefácio,  sabemos que Humbert Humber está preso por algo que ele cometeu, claro que não vou dizer o que é ne, tem que ler ( e ter estômago, porque juro que teve momentos da sua descrição que meu nojo superava a vontade de ler, mas eu persisti ). Então ele escreve contando o que aconteceu em sua vida. Sua visão total e completamente distorcida do seu interesse por uma menina de 12 anos, tendo ele passado dos 30. E que, mesmo sabendo que ele tem sim um problema, ele sabe que não está certo, ele tenta, ainda assim justificar sua conduta citando grandes nomes como Dante e Beatrice, citando homens indianos de 70/80 anos que se unem a meninas de  8 anos. Então quando ele cita esses exemplos, voce percebe que ele ta sim justificando seus atos.

Mas vamos do começo, e confesso que to com medo do tamanho dessa resenha, se fosse um video, teria fácil meia hora rrss.

A historia desse desejo absurdo por Dolores Haze, começa quando ele ainda era um menino. Humbert se apaixona por Annabel quando ainda é um menino cheio de hormônios, mas quando a familia de Annabel percebe essa paixonite entre ela e Humbert, Annabel vai com sua familia, para longe de Humbert, e o que ele mais desejava, que era sim chegar às vias de fato com sua linda pretendente à namoradinha, não acontece. E o pior, ele descobre que tempos depois, ela morre de febre tifóide. Perdendo toda e qualquer esperança de ter Annabel pra si. Ai começa todo tormento de sua vida.

Só pra que fique claro, em nenhum momento eu senti pena de Humbert Humbert. Senti raiva, quis socar a cara dele quase o tempo todo da leitura. Pensava num homem ¨real¨tentando se aproveitar da minha filha ( que hoje tem 14 anos), e sentia nojo das descrições que ele fazia do corpo de Dolores, das roupas que ele descrevia que ela usava, da postura que ele descrevia que ela tinha.

Voltando à historia. Já adulto, Humbert aluga um quarto na casa da mãe de Dolores, e quando a vê, brincando no quintal da casa do qual ele vai morar, ele enlouquece. Ai ele pira de vez. Mesmo. Então arquiteta o plano de se casar com a mãe de Dolores, para poder ficar perto da menina.

Conforme a convivência com a menina se estreita, ele começa a usar os termos que frequentemente ouvimos na vida real por conta dessa nojeira chamada pedofilia. A gente sabe né gente, que desde que o mundo é mundo, os seres são sexuais. Exitem sim meninos e meninas que tem interesses muito precoces com relação ao sexo, a vida sexual, ao conhecimento do corpo, muito antes que outras crianças. Quem não teve aquela amiguinha que sempre foi muito mais pra frente do que a gente na época da escola, que falava de sensações que a gente sequer imaginava que existia, mesmo tendo a mesa idade, mas daí o cara de 38 anos dizer que ela se insinuava com 12 anos pra fazer ele enlouquecer de desejo, que dava sinais de que queria que ele partisse pra cima dele... ah eu quis matar Humbert, oh se quis.

Os anos vão passando, e Himbert se vê sendo a única pessoa com o qual Dolores pode contar na vida, (que a essa altura, ele já a chama de tudo que é apelido, mesmo pelo seu nome mesmo. Então pra ele ela já não é Dolores, é Lo, é Lolita, é Lola, é minha ninfeta, mas nunca Dolores).

Pra que a menina fique ¨confortável ¨e feliz pelo que ela terá que encarar quando Humbert lhe contar a verdade sobre o que está acontecendo em sua vida, ele resolve leva-la para uma viagem de carro pelas estradas dos Estados Unidos. Parando poucos dias numa determinada cidade, pra tomar rumo à estrada de novo nos dias seguintes. Ate que Dolores fica doente, e se vê obrigada a ser medicada no PS da cidade, ali eu quis morrer gente. Eu senti tanta raiva, que pensei que ia largar o livro. Acaba aqui a primeira parte da historia.

Só que esse livro tem uma coisa que parece um imã. Voce, no caso eu, sente raiva, nojo, vontade de parar tudo e esquecer essa podreira toda, mas voce não consegue. è como se o livro te chamasse, venhaaaaaa, continueeeeee, descubra o que vai acontecer rrss. E claro, atendi o chamado.

Na segunda parte do livro, Humbert descreve as atitudes de Dolores de maneira que da a entender que apesar dela não gostar do que anda acontecendo com eles, mas que ela o chantageia, tipo ¨voce me compra isso e eu te cedo àquilo¨. Ou quando ele descreve suas saidinhas pra andar de bicicleta e ele fica enlouquecido, achando que ela fugiu. Ou quando algum menino da idade da menina se aproxima dela e ela sorri. Um adulto que olha pra ele de modo torto e ele tem a certeza absoluta de que aquele adulto sabe o que ele anda fazendo com a menina. Mesmo ele afirmando o tempo todo que é sim o pai da menina. E ela o chamando de papai.

Por diversos momentos dessa minha leitura, eu pensava no Bentinho, sim o Bentinho do Dom Casmurro. Quem lê Dom Casmurro pela primeira vez, tem a absoluta certeza de que Capitu o traiu sim. Que a dita não vale nada, que a dita meteu um galho nele. Ai voce lê de novo, e de novo e de novo ( eu ja li 5 vezes ta gente ), e pensa, cara como é que eu vou saber se a diacha da Capitu traiu o Bentinho se a historia só é contada por ele. Em nenhum momento a gente ouve a versão dela. E lembrando que Bentinho é um doente no quesito ciume. E eu tbem sou gente, juro. Mas toda historia tem dois lados.

Então quando eu lia a narrativa de Humbert eu não conseguia enxergar essa ¨naturalidade ¨ na atitude de Dolores que Humbert descreve. Essa leveza da menina que convivia com um homem que ela mau conhecia e que sim, abusa dela, de todas as formas. Humbert é um doente, que sabe que é doente. O sentimento que ele acha que tem por ela é doente. Isso não é, e nunca será amor. Vamos imaginar que ela fosse uma mulher, adulta, com um homem que age como Humbert, ela teria pulado fora, ha tempos. Dolores não tem possibilidade de estar com outra pessoa. Ela é obrigada sim a ficar com ele, enquanto ele assim desejar, porque ele não da a chance de ser diferente.

Quando ela finalmente consegue ¨escapar¨das garras de Humbert, o homem vai a loucura. Numa busca incessante por Dolores. ( eu não consigo chamar ela de Lolita, porque penso nele chamando-a, e fico com nojo ). Nessa busca ele conhece Rita, um pouco mais velha que Dolores ( diz ele que tem o dobro da idade ), que o faz temporariamente, passar por bons momentos. Ate que no meio dessa busca, Rita sai de sua vida e ele reencontra Dolores. Já aos 17 anos, e quando ele percebe que ela nunca, jamais será dele, mesmo ele perguntando se ela não pode voltar a ser sua, e ela afirma veementemente que não , ele pira. faz o que faz e vai pra onde foi.

Ler Lolita te faz sentir tudo e não sentir nada gente. É uma mistura tão grande de emoções, que voce não consegue ler o livro numa tacada só ( eu não consegui ), é preciso respirar. Muito, Muitas vezes.
Mas tambem é preciso que acima de tudo, caso voce escolha ler esse livro, voce leia de mente muito aberta. Esqueça seus valores, esqueça o que voce aprendeu o que é certo e o que é errado. Não julgue a leitura, porque sim, ela é maravilhosa. Eu disse pro meu marido uma frase que acho que consegui me expressar muito bem com relação  à essa obra gigante.... A historia é podre, mas o livro, a escrita, a obra, é espetacular.... e é, de verdade.

Uma amiga querida estudou, a fundo Humbert, Lolita, e quando finalizei ontem, mandei uma mensagem pra ela e disse... Ainda não sei o que to sentindo, mas de uma coisa, tenho certeza absoluta. Vou discutir, veementemente, quando alguém me disser que essa obra é um Romance.... e ela me disse, será Ana, que não é um Romance??  Então vou dizer porque acho que não é um romance. A meu ver, um romance não necessariamente precisa ter um final feliz. Na vida real ou na ficção, tanto faz, a gente sabe que as vezes, a vida tem destinos diferentes do que a gente deseja pra uma bela historia ne, real ou não. Mas acima de tudo, um romance, pra ser um romance, precisa sim ser consensual. Precisa que os dois lados queiram viver aquilo, passar por aquilo. E aqui, só um doente, obcecado quis. Humbert era obcecado por Annabel, mesmo sem perceber, carregou essa frustração pra toda a vida e virou obcecado por tantas outras meninas da mesma idade que perdeu a Annabel que nunca teve. Frustrações fazem parte da vida de qualquer pessoa, e é preciso vivê-las, não somatiza-las pra outras pessoas ou situações. Ai entra o desvio de conduta e a doença de Humbert. Não acho que eu não possa mudar de ideia, mas hoje, pra mim, esse livro não é nada romance, e Humbert é sim, louco, desvirtuado, podre e pedófilo. Mas Nabokov é sensacional...





Sinopse : www.skoob.com.br 

Lolita é um dos mais importantes romances do século XX. Polêmico, irônico, tocante, narra o amor obsessivo de Humbert Humbert, um cínico intelectual de meia-idade, por Dolores Haze, Lolita, 12 anos, uma ninfeta que inflama suas loucuras e seus desejos mais agudos.
A obra-prima de Nabokov, agora em nova tradução, não é apenas uma assombrosa história de paixão e ruína. É também uma viagem de redescoberta pela América; é a exploração da linguagem e de seus matizes; é uma mostra da arte narrativa em seu auge. Através da voz de Humbert Humbert, o leitor nunca sabe ao certo quem é a caça, quem é o caçador.

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Ana Paula