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segunda-feira, 29 de julho de 2024

Véspera - Carla Madeira

 Que livro incrível !!! Sofrido, doído na alma, de chorar mesmo 

Confesso que por alguns capítulos achei meio confuso, mas depois que a leitura engrena só tive vontade de mergulhar mais e mais nessa historia com tanto silencio, tanta dor, tantas lágrimas. 

Quando Custodia começa a contar sua historia achei ela muito, muito neurotica, e depois do nascimento dos gêmeos então meu pai amado, a mulher pirou, e quando seu marido Antunes chega com a certidão de nascimento dos gêmeos recem nascidos aí Custodia tem um treco. Muito devota e seguidora da Biblia, a certidão de Caim e Abel que era pra ser Pedro e Paulo abala Custodia por toda sua vida, e a deles tambem. 

Por conta dos acontecimentos dos verdadeiros Caim e Abel, ela crê piamente que vai se repetir com seus amados filhos e por isso ela decide que seus filhos serão Abel e Abelzinho e isso trará muitas complicações pra vida dos meninos, da infância até a fase adulta. 

Custodia e Antunes nunca mais se entenderam, o ódio com o qual ela se refere à ele, o rancor pelo que ele fez à seus filhos, que nos olhos dela é imperdoável, a bebedeira que assim como o pai dele se torna um dos principais motivos pra que eles nunca mais se aproximem, fazem da vida de Custodia uma angustia sem fim, e essa angustia é literalmente passada de pais pra filhos. 

Então começamos a acompanhar a vida dos meninos, na escola pela primeira vez, ao longo dos anos, até a fase adulta e tanta coisa acontece.

Caim voa, se liberta dessa necessidade da mãe de te-los por perto o tempo todo, de um ser o outro e do outro ser um, mesmo quando ele cede aos desejos da mãe, de sempre amparar seu irmao, seja fazendo uma prova por ele, seja fazendo-o participar da sua vida e da vida de seus amigos e amigas, mas ainda assim Caim cria sua historia, sua vida e ele brilha, com uma mulher que ama, uma vida de sucesso e pessoas queridas ao seu redor. 

Abel em contra partida se fecha pro mundo, se distancia do irmao, nao consegue ir bem na escola, não consegue ser simpatico e comunicativo e se quando criança ele ta sempre em busca da segurança que Caim o trazia, desde o utero, agora na fase adulta Abel se tornou uma sombra, querendo o que o imão tem, ser o que o irmão é, e quando a primeira paixão vem, ele tambem quer a paixão do irmao, pela vida e pela mulher que ele escolheu pra ser sua, e eu apesar de sentir pena do Abel senti raiva tambem em muitos momentos, porque achei que a inveja era demais 

E nessas novas descobertas, tristeza pra um e alegria pra outro, com capitulos intercalados entre o passado dos meninos, e o presente agora com as meninas, Carla vai nos fazendo mergulhar em sentimentos profundos, em situações inimagináveis, principalmente pra quem é mãe, e aquele final  sério, aquele final tive que ler duas vezes pra ver se eu realmente tinha entendido, 

Quando o presente e o passado se tornam um só e Veneza, Vedina, Caim e Abel agora estão no mesmo momento, o momento em que Veneza encontra Vedina, a descoberta que ela faz sobre o marido Abel, a surpresa de Caim ao descobrir o que Abel fez, e todos os acontecimentos na vida dessa familia me fez chorar de madrugada enquanto finalizada a leitura dessa historia incrivel. 

A angustia pelos acontecimentos são uma constante na leitura da historia desses personagens, não existe possibilidade de voce ler e nao se abalar com absolutamente todos os acontecimentos aqui, e esse final, meu pai amado, foi um soco no estomago daqueles bem doloridos, 

Já quero ler o próximo da Carla e espero que ela ainda nos presentei com muitas obras incriveis como essa. 




Sinopse : www.skoob.com 

Novo romance da autora do fenômeno Tudo é rio, Véspera retoma a escrita brilhante e contagiante de Carla Madeira, que desperta todo tipo de emoção no leitor.

Carla Madeira cria personagens que parecem estar vivos diante de nós. As emoções que sentem são palpáveis e suas reações, autênticas. Temos a sensação de conhecê-los de perto, inclusive as contradições e os pontos cegos. Tal virtude é evidente em seu livro de estreia e grande sucesso, Tudo é rio (2014), mas também no livro seguinte, A natureza da mordida (2018).

Os personagens de Véspera, este seu novo romance, possuem a mesma incrível força vital. Mas se em Tudo é rio Carla os criou com poucas pinceladas e traços incisivos, aqui, para delinear suas personalidades, ela opta por uma superposição de camadas psicológicas. Se antes eles primavam por temperamentos drásticos ― capazes de extremos de paixão, ciúme, ódio e perdão ―, aqui a estratégia gradativa de composição confere-lhes uma dose maior de mistério, sugerindo ao leitor antecipações que só aos poucos se confirmam, ou não. A força emocional continua existindo, porém está menos visível, o que deixa a atmosfera ainda mais carregada de suspense e tensão.

A narrativa começa com a pergunta: como se chega ao extremo? Vedina, uma mulher destroçada por um casamento marcado pelo desamor, em um momento de descontrole abandona seu filho e, imediatamente arrependida, volta para o lugar onde o deixou e não encontra quaisquer vestígios de sua presença. Este é o acontecimento nuclear da trama que expõe as entranhas de uma família – pai alcóolatra, mãe controladora, irmãos gêmeos tensionados pelas diferenças – que, como tantas outras famílias, torna-se um lugar onde as singularidades de cada um não são acolhidas, criando rachaduras por onde a violência se infiltra.

Contada em dois tempos, o dia do abandono e os dias que vieram antes dele, o romance avança como duas ondas até que elas se chocam e se iluminam. O leitor se vê diante de um espantoso presente que expõe o quanto as palavras são capazes de inventar a verdade.

“O tempo flutua invisível e em espesso presente. Nada apodrece sem ele. Nada floresce. Nada se torna amável. Nenhum ódio viceja. Nenhuma umidade seca. Nenhuma sede cede. As tempestades não inquietam nele ventos, as avalanches não podem soterrá-lo, a perplexidade não o paralisa, o mal não o ameaça e o bem não faz com que se demore. Mas eis que um acontecimento, um único acontecimento, captura o tempo e o aprisiona.”

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Ana Paula