Ayaan nos conta sua trajetória desde sua infância na Somália, com uma mãe que era muito infeliz e muito abusiva. Conta que apanhava muito por nada, como ela e sua irmã agiam e tinham personalidades completamente diferentes.
A confusão dos clãs da qual nasciam e tinham que honrar. As crianças somalis quase precisavam decorar sua arvore genealógica pra não cair em mãos inimigas.
A fé em Alá levada ao pé da letra, onde beirava o exagero e o fanatismo, onde nada se pode, tudo é impróprio, impuro ou condenável.
Como a mulher tem ZERO de importância naquela cultura. Opinião de mulher e latido de cachorro eram interpretados exatamente da mesma maneira, ou seja, qualquer coisa e nada é igual. Por isso homens rezam separado das mulheres, por isso mulheres são o tempo todo subjulgadas, escravizadas, se tornam saco de pancada de muitos homens, que não tem respeito nenhum por elas. Elas apanham sem dó, pelo simples fato de erguerem os olhos. São estupradas com ou sem consentimento. Com porque seus maridos não demonstram um pingo de cuidado com elas em suas noite de nupcias arranjadas, e sem porque os homens simplesmente se acham no direito de tomar pra eles o que eles acham que podem.
Ai fico pensando, as moças que se julgam feministas deveriam estudar bem a fundo esse tipo de historia, porque se aqui a gente tem motivo pra brigar por nossos direitos eeee deveres, num lugar como esse que Ayaan nos descreve é surreal achar que nós, mulheres, passamos por tudo isso. Toda vez que eu lia nesse livro sobre o que é a tal da clitorectomia, feita nas meninas ainda, por pessoas sem nenhum conhecimento, sem nenhum cuidado, pela simples tradição de alegar que assim as mulheres não sentiriam prazer quando chegasse a idade onde tudo é muito normal acontecer, como o desejo pelo outro, eu tinha que respirar gente, juro, porque é surreal imaginar, e mesmo sabendo que la é muito comum, cheguei a chorar lendo o relato do que fizeram com Ayaan, sua irmã e tantas outras meninas Somalis, africanas e de tantas outras culturas.
Mas Ayaan nunca quis isso para sua vida. Desafiando pai, irmão, clã, ela arquiteta um plano de fuga, depois de um casamento arranjado, onde ela não queria, ela planeja sua liberdade. Quando ela diz que nasceu da sua mãe em 1969 e depois nasceu no dia de sua fuga para Holanda, em 1992 foi emocionante. A forma como ela desembarca a principio na Alemanha e depois segue para fazer sua vida na Holanda, estudar, se tornar uma cientista politica formada na universidade, se tornar uma pessoa que pode auxiliar outras mulheres, sendo e dando voz para alertar o mundo do que sofreu naquele pais miserável, onde por conta da disputa de poder, toda uma nação paga o pato pela ganância de homens que querem poder a todo e qualquer custo. E, geralmente, o povo, pobre, é quem paga o preço bem alto por essa disputa absurda ne.
¨A minha bússola moral estava dentro de mim, não nas páginas de um livro
sagrado ¨
Só que a vida de Ayaan nunca vai ser de sossego viu gente. Quando ela se vê vivendo num pais onde ela acredita ser livre, onde pode fazer o que quer, cumprindo claro, seus deveres e direitos de cidadã, mas ai ela arranja pra si outro problemão, quando começa a se expressar verbalmente, contando sobre o absurdo que o islã impõe à seus fieis, principalmente depois do 11 de Setembro, quando ela resolve começar a ter voz e dar voz aos seus questionamentos e certezas daquilo que viveu. A partir dai Ayaan conhece gente importante que apoia sua casa, e gente importante que se incomoda muito com seu posicionamento, e passa a ser ameaçada de morte, precisando de escolta, segurança particular e seu direito simples de ir e vir no pais que a abraçou como cidadã passa a ser ameaçado.
Durante a leitura desse livro, fui atras de videos, e mais historias sobre Ayaan, e a cada novo video e cada nova leitura sobre sua historia, não sabia se ficava triste, com raiva, com nojo do que era feito, ou feliz por ela ter passado por tanta coisa e sobrevivido. Mas quantas não tem a mesma iniciativa, a mesma sorte. è desesperador pensar nisso, O que no inicio da vida de Ayaan era fato e certo, a crença em Ala, a fe nas suas palavras e no que o Alcorão passava como mensagem, tornou-se pra ela um peso imenso, ao ponto de faze-la não crer mais em Deus, e falar em voz alta pra que ela mesma acreditasse que tudo o que ela aprendeu não serviu de nada. ( ai pensei comigo, o homem interpreta as palavras que estão na Biblia, Alcorão ou seja la que livro sagrado existir, escrito pelo homem, e essa interpretação da forma que o homem deseja, pode causar muitas situações proveitosas e úteis, ou, como no caso de Ayaan, faze-la perder completamente a fé, muito triste )
Aprendi tanta, mas tanta coisa, que cada página lida eu ficava pensando, caramba, a vida de nós todos, que vivemos num pais livre, é tão boa e não damos um pingo de valor. Fiquei com os olhos marejados em muitos momentos da narrativa de Ayaan, e me senti muito abençoada por viver num pais cheio de problemas, sim, mas livre, democrático, e apesar de estar vivendo um momento podre com corrupção, e tudo o que estamos passando, temos o direito de ir e vir, direito de fazer nossas próprias escolhas.
Aqui no Wikipédia tem algumas informações sobre a vida de Ayaan, caso voce, assim como eu, queria saber mais da vida dessa mulher muito guerreira
No fim das contas, finalizando esse livro, fico pensando, o mais importante nisso tudo que Ayaan passou, e não foi pouca coisa não, ela conseguiu fazer muita gente pensar, conseguiu mudar algumas leis, conseguiu que as somente olhassem para esse povo que sofriam tanto, e mesmo que nada pudessem fazer, pelo menos não julgassem, não ignorassem, fingindo que nada acontecia ( mulheres são mortas por suas proprias familias gente, e fica por isso mesmo, são absurdos que jamais podemos imaginar.
¨Não quero que meus argumentos sejam considerados sacrossantos pelo fato de eu ter tido essas experiências horríveis; não as tive. Na verdade, a minha vida sepre foi marcada por uma enorme sorte. Quantas moças nascidas em Mogadiscio, em novembro de 1969, ainda estão vivas?¨
Sinopse : www.skoob.com.br
Em novembro de 2004, o cineasta Theo van Gogh foi morto a tiros em Amsterdã por um marroquino, que em seguida o degolou e lhe cravou no peito uma carta em que anunciava sua próxima vítima: Ayaan Hirsi Ali, que fizera ao lado de Theo o filme Submissão, sobre a situação da mulher muçulmana. E assim essa jovem exilada somali, eleita deputada do Parlamento holandês e conhecida na Holanda por sua luta pelos direitos da mulher muçulmana e suas críticas ao fundamentalismo islâmico, tornou-se famosa mundialmente. No ano seguinte, a revista Time a incluiu entre as cem pessoas mais influentes do mundo.
Como foi possível para uma mulher nascida em um dos países mais miseráveis e dilacerados da África chegar a essa notoriedade no Ocidente?
Em "Infiel", sua autobiografia precoce, Ayaan, aos 37 anos, narra a impressionante trajetória de sua vida, desde a infância tradicional muçulmana na Somália até o despertar intelectual na Holanda e a existência cercada de guarda-costas no Ocidente. É uma vida de horrores, marcada pela circuncisão feminina aos cinco anos de idade, surras freqüentes e brutais da mãe, e um espancamento por um pregador do Alcorão que lhe causou uma fratura no crânio. É também uma vida de exílios, pois seu pai, quase sempre ausente, era um importante opositor da ditadura de Siad Barré: a família fugiu para a Arábia Saudita, depois para a Etiópia, e finalmente se fixou no Quênia.
Encontrei no Youtube a primeira parte do FIlme Submissão do cineasta Theo van Gogh, ( Theo foi um amigo proximo de Ayaan, e morreu assassinado justamente por conta de ter rodado esse curta metragem ) eu particularmente, acho muito angustiante esses depoimentos porque me sinto la, vivendo a situação, mas é muito válido saber que nossa vida é tão boa, e que precisamos aprender a dar mais valor ao que temos, principalmente a liberdade.
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Ana Paula